domingo, 28 de junho de 2009

desenhar

O desenho foi minha primeira expressão artistica.
A primeira coisa que aprendi por vontade própria.
A primeira vez que tive total atenção de minha avó.

Não lembro quantos anos tinha. Lembro apenas de ser férias, estarmos só nós duas na casa dela. Sentadas na mesa da copa. A sempre mesma mesa, em frente ao sempre mesmo armário com seus cristais, remédios, pratos e balas escondidas.
Havia um papel canson em minha frente e várias cores de lapis de cor. O conjunto da minha vó era bem mais extenso e delicado do que aquele que usava no colégio, então não via a hora de usar aquela infinidade de cores.
Lembro de minha vó ensinar a segurar o lapis, e o tamanho certo para deixar a ponta. Lembro do sorriso dela ao elogiar minha primeira flor.

Nao sei o que aconteceu com meu primeiro desenho. Minha primeira flor. Mas lembro exatamente de como faze-la. Cinco pétalas, a cor mais escura ao centro. Caule fino e miolo pequeno. Folhas tranquilas para nao tirar o destaque da flores.

Enquanto procurava meu velho bloco de desenho ia me perguntando sobre o que desenhar. Ao encontra-lo vi que a primeira página não estava em branco. Havia um desenho inacabado de minha avó. Desenho que não poderá ser mais acabado
Porém ao olhá-lo não senti tristeza. Me senti inspirada.

Flores serão meu primeiro tema.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

desapego

meio desapegada
meio apagada
meio paga

desapego de mim
pego de outros

"des"
o que deixa de ser.

terça-feira, 23 de junho de 2009

marketing

existem três coisas das quais nunca estaremos livres:

da morte

dos impostos

e das vendas.

Kooter

segunda-feira, 22 de junho de 2009

hipocondria

gastrite, sinusite, rinite, enxaqueca, insônia, queda de cabelo, mau posicionamento da rótula, alergia ocular, escoliose, caspa nervosa, stress, ansiedade, refluxo, lordose.

hipocondria:
a única doença que não tenho.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Miedo

Tienen miedo del amor y no saber amar
Tienen miedo de la sombra y miedo de la luz
Tienen miedo de pedir y miedo de callar

(...)

Tenho medo de gente e de solidão
Tenho medo da vida e medo de morrer
Tenho medo de ficar e medo de escapulir
Medo que dá medo do medo que dá

(...)

O medo é uma chave, que apagou a vida
O medo é uma brecha que fez crescer a dor

El miedo es una raya que separa el mundo
El miedo es una casa donde nadie va
El miedo es como un lazo que se apierta en nudo
El miedo es una fuerza que me impide andar

(...)

Medo... que dá medo do medo que dá


Lenine

terça-feira, 16 de junho de 2009

Não saber

o que sou,
faz com que eu seja menos?

Loucura

não é falar sozinho.

Loucura
é ouvir uma resposta de quarto vazio.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Liberdade

é pouco.

O que eu desejo ainda não tem nome.

Clarice Lispector

segunda-feira, 8 de junho de 2009

uso a escrita

como uma forma de expurgar sentimentos.

me considero uma pessoa cheia deles.
Cheia a tal ponto que me sinto o tempo todo transbordando de emoções.
Choro quase diariamente.
Com um livro, um filme, um abraço ou uma saudade.

Ao escrever transformo alguns desses sentimentos em palavras.
Quando termino, me sinto mais leve.
Meus olhos passam por cima do monitor e minha coluna se endireita.

Sinto que posso aguentar mais um dia.

(mais um dia de saudades)

domingo, 7 de junho de 2009

escrever

"Ser intelectual é usar sobretudo a inteligência, o que eu não faço: uso é a intuição, o instinto. Ser intelectual é também ter cultura, e eu sou tão má leitora que agora já sem pudor, digo que não tenho mesmo cultura. Nem sequer li as obras importantes da humanidade. [...] Literata também não sou porque não tornei o fato de escrever livros ‘uma profissão’, nem uma ‘carreira’. Escrevi-os só quando espontaneamente me vieram, e só quando eu realmente quis. Sou uma amadora?
O que sou então? Sou uma pessoa que tem um coração que por vezes percebe, sou uma pessoa que pretendeu pôr em palavras um mundo ininteligível e um mundo impalpável. Sobretudo uma pessoa cujo coração bate de alegria levíssima quando consegue em uma frase dizer alguma coisa sobre a vida humana ou animal.”
Clarice Lispector

sábado, 6 de junho de 2009

Mas quando lermos

em voz alta o que escrevemos,
não saberão se era prosa ou verso,
e perguntarão o que se há de fazer com esses escritos;

Cecília Meireles
.
o que hão de fazer com meus escritos?
um dia irei partir, e eles aqui ficarão:
órfãos, tristes e anônimos.
Serão piores que páginas em branco
Serão rasuras sem valor.
Nayara

terça-feira, 2 de junho de 2009

segredo

quando guardamos um queremos proteger quem?
queremos proteger o quê?

Nosso coração ou o seu coração?

quando hesitamos queremos evitar o quê? A sua lágrima ou a minha?

O segredo impede dores através da ilusão.

"O que os olhos não veem o coração não sente"

Mas quem decide o quanto de dor aguentamos?
O que esconde ou o que não vê?

Esse é outro segredo.